Um desafio central para a psicologia positiva do século XXI será a manutenção da espe­rança e do equilíbrio em contextos de extrema adversidade. As inovações tecnológicas e as conexões globais provavelmente colocarão desafios inéditos para a vida psicológica. As mudanças na ordem mundial e as ameaças de caos podem evocar pólos extremos (por exemplo, na distinção entre “nós” e “eles”, entre liberdade em relação à tirania e entre o bem e o mal). A propagação de perigosos processos de desintegração será um desafio. A psicologia positiva precisará assumir as dinâmicas de desenvolvimento dos processos de estabilização da ordem (“conservadores”) e de geração de mudanças (“libertadores”) em níveis individual, familiar, comunitário e coletivo mais amplos. Será crucial a fé engajada (ativista) no potencial humano e na interconexão de toda a vida planetária, assim como o serão a compaixão e a perseverança.

Proponho cinco questões principais para a psicologia positiva nas décadas que vêm. Em primeiro lugar, existem virtudes interculturais universais, e suas formas diferem dependen­do da cultura? Em segundo, há compensações entre essas virtudes, e pode uma pessoa ter demais de uma determinada virtude? Terceiro, seriamos capazes de determinar quando, por que e quais formas de bem-estar subjetivo são benéficas ao indivíduo e à sociedade em termos mais gerais? Quarto, quais intervenções efetivas surgirão para otimizar a felicidade e as virtudes? E a quinta e mais importante questão é como será nosso mundo dos séculos XXI e XXII se a psicologia positiva conseguir tornar as pessoas mais felizes, mais saudáveis, mais inteligentes e mais virtuosas, e se também formos capazes de criar estruturas institucionais que induzam as qualidades. Imagine como essas pessoas potencialmente cria­tivas e virtuosas do futuro passarão seu tempo – ajudadas por computadores e robôs, des­frutando de vidas longas e recursos abundantes.

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