A Psicologia positiva é uma das mais novas e avançadas abordagens da Psicologia. Desenvolveu-se a partir de preceitos humanistas e cognitivistas, ganhando um campo próprio de atuação recentemente em 2000 com a publicação da edição “Special Issue on Happiness, Excellence, and Optimal Human Functioning – da American Psychologist“, revista da American Psy­chology Association – APA, tendo como editores convidados o psicólogo e então presidente da APA Martin E. P. Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi tendo como tema a Psicologia Positiva. É nessa edição exemplar que a Psicologia Positiva se configura no campo acadêmico, sendo apresentada com sua definição, proposta, pila­res, situando-a no contexto da Psicologia onde se deu o seu surgimento.

A psicologia tradicional anterior à Segunda Guerra Mundial tinha três mis­sões distintas, a saber:

  • curar doenças mentais;
  • tornar as pessoas mais produtiva nas fábrias e empresas; e
  • identificar e desenvolver talentos tanto para empresas como para o exército.

Esse enfoque trouxe grandiosa contribuição para o entendimento e tratamento de doenças e transtornos mentais. Enquanto, na Europa a Psicanálise freudiana e pós freudiana se desenvolvia no estudo e tratamento de neuroses, nos Estados Unidos o behaviorismo de Watson e Skinner estudavam um outro aspecto do comportamento humano focando-se na clinica de comportamentos e aprendizagem humanos. Contrapondo-se ao behaviorismo mecanicista, psicólogos humanistas como Maslow, Rogers dentre outros lançaram a psicologia humanista que tinha como base o tratamento utilizando-se do próprio processo terapêutico, como técnica, ou seja do encontro entre terapeuta e paciente.

Durante quase todo o século XX, a psicologia esteve ocupada na função de curar ou atenuar o sofrimento das pessoas. Apartir da déca de 70, foram lançadas várias edições do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, o DSM que hoje está em sua 5 edição, e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, o CID que atualmente está em sua 10ª versão. Contudo, ambos os manuais tratam única e exclusivamente a doença, a patologia, deixando de lado aquilo que “funciona” no indivíduo, suas forças, sua beleza e seus recursos que mantém a pessoa funcionando apesar de todo sofrimento psíquico que ela possa estar sofrendo.

Foi no intuito de buscar preencher essa lacuna deixada pela Psicologia tradicional, que a Psicologia positiva se desenvolve, buscando teorias humanistas esquecidas de autorrealiação de Maslow e de outros estudiosos, além dos estudos de vanguarda de Csikszentmihalyi, Seligman, Linley, dentre muitos outros psicólogos respeitados tendo como fogo o bem-estar, a felicidade e a qualidade de vida.

A Psicologia positiva não tem como pretensão substituir a psicologia e psicoterapias tradicionais. Ao contrário, sua missão é complementar o atual entendimento psicológico aliando a ciência, a testagem empírica e o conhecimento e toerias orientais. Dessa forma ela complementa a totalidade da subjetividade humana e sua busca pela felicidade e bem-estar, por meio de emoções positivas, engajamento, relacionamentos, significados e realizações.

Portanto, enquanto a Psicologia tradicional estuda e trata as patologias por meio de diferentes técnicas “falando do problema”, a Psicologia positiva propõe o exercício das forças positivas do próprio cliente não apenas com o intuito de tratar os problemas, como também ir além, desenvolvendo a pessoa a buscar uma qualidade de vida utilizando seus forças de caráter, desenvolvendo a gratidão, a meditação, a concentração, etc.

A psicoterapia baseada na Psicologia positiva não apenas trata o problema do cliente, como também o impulsiona a se desenvolver e melhorar seu desempenho acadêmico, no trabalho, nos relacionamentos, na família além de possibilitar o alcance de seu bem-estar subjetivo.